Animais peçonhentos são aqueles que produzem ou modificam algum veneno e possuem aparato para inoculação do mesmo. Na lista estão algumas espécies de serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas, algumas espécies de besouros, lacraias, alguns tipos de peixes, águas-vivas e caravelas.
Segundos dados do Ministério da Saúde, os meses de dezembro a março apresentam até 40% de aumento na incidência de acidentes com animais peçonhentos. Por esse motivo, é sempre bom saber o que fazer em caso de acidentes com esse animais.
Crianças são sempre grupo de maior risco, por poderem apresentar reações mais graves e maior possibilidade de óbito. Portanto, todo o cuidado na prevenção, e também na agilidade dos primeiros socorros podem salvar vidas.
Em 2015, houveram 42 óbitos por picada de abelhas, 30 óbitos por picada de aranha, 119 óbitos por picada de escorpião, 1 óbito por queimadura por lagarta e 107 óbitos por picada de cobras, segundo dados do Ministério da Saúde. Não localizei estatísticas brasileiras para águas-vivas, mas somente em Santa Catarina, no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016, cerca de 20000 pessoas foram queimadas, sem mortalidade associada. É realmente um tema muito relevante.
Como regra geral de primeiros socorros em caso de acidentes com animais peçonhentos, deve-se proceder da seguinte forma, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Essas recomendações não são válidas para queimaduras com águas-vivas e caravelas, ok!?
“– Lave o local da picada apenas com água ou com água e sabão;
– Hidrate o acidentado com goles de água;
– Não corte ou fure o local da picada;
– Mantenha o local afetado voltado para cima;
– Encaminhe o acidentado rapidamente ao serviço de saúde mais próximo;
– Não faça torniquete no local da picada”
Caso a picada seja nas mãos, retirar anéis e quaisquer outros objetos que possam ter sua retirada dificultada em caso de edema. Retirar também calçados apertados e fitas que estejam ao redor do membro acometido.
Aprofundando mais nos animais peçonhentos mais relevantes, vamos iniciar com as abelhas.
Abelha
Números de acidente em 2015 no Brasil: 11.985
Primeiros socorros em caso de acidente
O acidente torna-se mais perigoso com múltiplas picadas ou naqueles indivíduos alérgicos ao veneno da abelha. Em adultos considera-se acidente múltiplo aquele com mais do que 100 picadas, mas em crianças, quantidades menores do que 24 picadas podem gerar risco.
O ferrão da abelha, por possuir musculatura e gânglios próprios, continua injetando veneno por aproximadamente 2 minutos após a picada. Por esse motivo, o ferrão não deve ser retirado com pinça. Ao apertá-lo, a pinça pode acabar por inocular ainda mais veneno. Portanto antes de 2 minutos após picada, deve-se proceder à retirada do ferrão com lâmina. Após 2 minutos não faz mais diferença o método usado para retirá-los.
Indivíduos alérgicos à picada, vítimas de múltiplas picadas, ou ainda aqueles que tiverem quaisquer reações sistêmicas como febre e calafrio (dentre outras) devem ser encaminhados ao serviço de referência mais próximo para suporte. Sem atrasar o transporte para o hospital, retirar ferrões e colocar compressas frias para alívio da dor.
Cobras
Número de acidentes em 2015 no Brasil: 24.467
O tratamento nos casos de envenenamento é o soro antiofídico que é específico para cada espécie. Portanto, sempre que for possível identificar o animal, mesmo que por fotografia, facilitará muito o auxílio da equipe médica.
Mesmo quando não não há identificação da espécie, é possível, através dos sintomas apresentados, inferir qual foi a cobra responsável pelo acidente.
É contraindicado o uso de torniquetes ou garrotes, assim como realização de cortes no local, sucção do veneno ou aplicação de quaisquer substâncias em cima do local da picada.
Quanto menor o intervalo entre a picada e a administração do soro antiofídico, menores as chances de eventos graves e mesmo o óbito.
Após a picada por cobra potencialmente peçonhenta, levar o indivíduo imediatamente para o centro de referência mais próximo do local.
Escorpião
Particularmente perigosos para as crianças. Assim como nos acidentes com cobras, o tempo entre a picada e a administração do soro anti-veneno deve ser o mínimo possível para evitar reações graves e mortes relacionadas à picada.
Primeiros socorros:
Conforme recomendação do Ministério da Saúde:
“Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete ou garrote, não furar, não cortar, não queimar, não espremer, não fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo.”
Até a chegada ao serviço de saúde, oferecer analgésicos para dor e realizar compressa morna no local para alívio da dor.
Aranhas
Número de acidentes em 2015 no Brasil: 26.298
A aranha mais associada a acidentes peçonhentos no Brasil é a aranha-marrom. A aranha armadeira e a viúva-negra também podem ocasionar acidentes. Segundo o Instituto Butantan, “as aranhas caranguejeiras e as tarântulas, bastante comuns, não causam envenenamento. Já as espécies que fazem aquelas teias nos cantos das casas também não são perigosas.”
Os primeiros socorros após acidentes com aranhas são os mesmos recomendados para os escorpiões, também de acordo com o Ministério da Saúde:
“Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete ou garrote, não furar, não cortar, não queimar, não espremer, não fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo.”
Diante de suspeita de acidente com aranha venenosa, encaminhar para serviço de referência para avaliação de necessidade de administração de soro específico.
Sem atrasar o transporte para unidade de saúde de referência, compressas mornas podem causar alívio da dor.
Lagartas
Número de acidentes em 2015 no Brasil: 2993
Apesar de haverem inúmeras espécies, as do gênero Lonomia sãoas mais relevantes como fontes de acidentes para os humanos. Se houver queimadura suspeita por lagarta desse gênero, o indivíduo deve ser levado para avaliação em centro de saúde especializado.
Tal qual nas aranhas e escorpiões, a recomendação do Ministério da saúde é a mesma para primeiros socorros, com a diferença de se usar água fria ou gelada:
“Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete ou garrote, não furar, não cortar, não queimar, não espremer, não fazer sucção no local da ferida e nem aplicar folhas, pó de café ou terra sobre ela para não provocar infecção; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo.”
Para alívio da dor durante o transporte para o serviço de saúde, compressas frias ou geladas.
O tratamento é realizado com soro antilonômico.
Sempre que possível registrar em foto ou levar o animal para o local de atendimento.
Águas-vivas e Caravelas
Essa é a grande exceção, uma vez que água corrente pode acentuar o problema.
Para alívio da dor, deve-se utilizar compressas geladas com água do mar ou pacotes fechados de gelo, envoltos em pano fino.
Deve-se realizar a lavagem do local queimado com ácido acético a 5% (vinagre), sem esfregar durante esse processo.
Os tentáculos devem ser removidos de forma bem cuidadosa, com pinça ou lâmina. Não tentar sugar o veneno, espremer ou colocar quaisquer outras substâncias que não o vinagre sobre a lesão.
Em caso de queimaduras extensas, procurar serviço médico de referência para avaliar necessidade de cuidados adicionais.
Não lavar o local acometido com vinagre no sol. Procurar local sombreado para esse procedimento.
E afinal, como saber qual é o serviço de referência mais próximo??
Em Belo Horizonte, o serviço de referência para acidentes com animais peçonhentos é o Hospital João XXIII.
Para quem não é daqui, basta acessar o seguinte link para descobrir qual o hospital de referência mais próximo:
Lista de Hospitais que realizam atendimento com soroterapia para Acidentes com Animais Peçonhentos
https://portalsaude.saude.gov.br/index.php/2015-03-11-18-25-21
Um grande abraço e até o próximo tema
Referências: