O tema de hoje será a tão temida cólica do lactente. Acomete até 28% (a depender da referência) dos lactentes saudáveis, e é motivo de verdadeiro pânico por parte das mães.
Então vamos aos fatos!
Apesar de ser uma quadro reconhecido por pediatras há mais de 1 século, apenas em 1954 apareceram critérios objetivos de diagnóstico, quando Wessel criou sua classificação, a mais utilizada até hoje.
Quais são os critérios para eu pensar que o bebê tem cólica do lactente?
Segundo ele, a regra dos “3” é a que norteia o diagnóstico: pelo menos 3 horas de duração, desaparecem aos 3 meses, pelo menos 3 dias/semana. Além dessas regras, o choro tem hora certa para começar e terminar, parece que o bebê tem um interruptor de liga e desliga.
A partir de quando a cólica do lactente pode aparecer?
Pode aparecer a partir da segunda semana de vida e se caracteriza por choro súbito, inconsolável( não atende às medidas usuais de conforto como colo, bico, amamentação, troca de fraldas) e inexplicável. Podem ocorrer pequenas pausas, mas sempre volta com tudo, até que efetivamente o bebê durma ao final de todo esse sofrimento.
Quando não pensar em cólica do lactente?
Bebês que choram o dia todo, ou são constantemente irritados ou dormem mal em todos os horários, não são, portanto, candidatos a terem o diagnóstico( ao menos isoladamente) de cólica do lactente. Procure o seu pediatra para orientações se esse for o caso.
O que causa a cólica do lactente?
Apesar de ser conhecida há muitos anos, e incomodar muito bebês e pais, não se sabe ao certo qual a causa desse desconforto. Inúmeras teorias foram criadas acerca do tema, contudo, sem nenhuma comprovação aceita até o momento. Uma das últimas teorias em voga é que a cólica seria secundária a um desequilíbrio da flora intestinal do bebê( em especial os nascidos de parto cesariana), o que geraria excesso de gazes e desconforto.
Existe tratamento para cólica do lactente?
Uma medicação existente no mercado, já aprovada no Brasil e denominada Colidis (antigo colidis), tenta atuar justamente nesse reequilíbrio da flora intestinal. Ela é composta por um lactobacilo vivo, o lactobacillus reuteri DSM 17938. Estudos multicêntricos bem conduzidos e publicados em revistas de peso como Pediatrics e The Journal of Pediatrics, mostraram que o uso dessa medicação reduz o tempo de cólica nesses lactentes, em comparação com o placebo (simeticona).
Esse efeito é notado a partir de 7 dias de uso, com pico de ação em torno de 21 dias. Notem bem que há uma redução do tempo de sintomas, e não eliminação da cólica ou redução da qualidade dos mesmos. Não esperem milagres.
É considerada medicação segura e bem tolerada nesses estudos, e, para esse fim, deve ser utilizada até os 3 meses de vida do bebê. Procure seu pediatra para orientações sobre dosagem e modo de uso.
A simeticona não se mostrou eficaz para cólica. Evite abusos nesses primeiros meses. Não dê chazinhos ou quaisquer outras receitinhas ou medicações milagrosas, elas podem fazer mal para o seu bebê e ainda podem atrapalhar a aceitação do leite.
Outras medidas clássicas para tentar acalmar o sofrimento do bebê são: banho morno, ambiente tranquilo com música relaxante, massagem abdominal em sentido horário, compressa morna (muito cuidado com queimaduras), posicionamento da criança de bruços sobre o antebraço de quem estiver segurando o bebê. No entanto, alguns bebês não respondem a nada, e só resta dar aconchego e torcer para acabar logo.
Recentemente o pediatra americano Robert Hamilton, criou um método denominado “The Hold”, e que, segundo ele, tem uma eficácia de mais de 90%. Nada que tenha sido comprovado com estudos científicos. O vídeo com o método está disponível no canal youtube, e já foi acessado mais de 17 milhões de vezes. Não custa a tentativa.
Como regra geral, para as crianças que se enquadram nos critérios de cólica do lactente, ficam as seguintes dicas: fique tranquila, o quadro é auto limitado e vai desaparecer. Aparece em crianças saudáveis, e não atrapalha ganho de peso, crescimento e desenvolvimento. Procure passar tranquilidade para o bebê. Dê colo e carinho para o seu filho se nada funcionar. Apesar do choro, seu bebê vai gostar, e como já disse, o desconforto tem hora para acabar.
Espero ter ajudado com essas dicas!!
Um grande abraço e até o próximo assunto!!!